10 Anos de de Cante o livro de Ana Baião, a fotojornalista do Cante
Comemorativo do décimo aniversário da Declaração do Cante Alentejano como Património Cultural e Imaterial da Humanidade pela Unesco
Cantado em coro e sem recurso a instrumentos musicais, o Cante Alentejano é uma manifestação popular característica dos vários concelhos do distrito de Beja, Baixo Alentejo, sendo mantido pelos grupos corais, alguns deles já centenários, em contextos informais, seja a trabalhar no campo ou em festa. As letras falam de sentimentos e de momentos do dia-a-dia.
Não é específico de nenhum estrato social, mas é geralmente associado às classes rurais. O primeiro grupo coral surgiu em 1926, associado aos trabalhadores das Minas de São Domingos, tendo-se seguido um segundo grupo, em Serpa, em 1927.
A 27 de novembro de 2014 o Cante Alentejano foi declarado pela Unesco como Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Ao longo destes últimos dez anos, a fotojornalista Ana Baião tem vindo a registar o Cante um pouco por todo o Alentejo, bem como na grande Lisboa, em diversas iniciativas e grupos. Publicou até à data dois livros: “Cante – Alma do Alentejo”, em 2017, pela RCP Edições; e “Cuba Cante Tabernas e Talhas”, em 2021, a convite da Câmara Municipal de Cuba. Fotografou para dois CD – “Alentejo Ensemble”, do Rancho de Cantadores de Paris, em 2019; e “Cante ao Menino na Capital”, do Grupo ALCante, da Junta de Freguesia de Alcântara, com a participa ção dos outros grupos corais da capital Lisboeta, em 2021.
Pode afirmar-se, com toda a certeza, que nenhum fotógrafo documentou tanto o Cante Alentejano como Ana Baião.
A divulgação do Cante tem sido uma das suas causas e por esse motivo, a editora Tradisom aceitou o desafio de editar, em Outubro, um livro de fotografias comemorativo deste décimo aniversário da Declaração da Unesco.
Citando as palavras de Ana Paula Amendoeira, diretora regional de Cultura do Alentejo, “é uma sorte podermos contar com a Ana Baião que segue, acompanha as mulheres e os homens que cantam o Cante, por todo o lado, para os registar, para os dignificar, para os resgatar sempre, pela imagem, de décadas e séculos de sofrimento e pobreza e de tantas coisas. Somos devedores a esta fotógrafa do Cante, esta artista que consegue captar o Alentejo e que nos mostra em cada fotografia o que Miguel Torga escreveu sobre os Alentejanos: É preciso ter uma grande dignidade humana, uma certeza em si muito profunda, para usar uma casaca de pele de ovelha com o garbo dum embaixador.
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