- 9 e 10 de setembro, das 16 às 24 horas
- Jardins do Museu de Lisboa – Palácio Pimenta (Campo Grande)
- Acesso gratuito: festa, debates, concertos
Gravado em África durante a pandemia, Couleur celebra o talento local, os direitos das mulheres, a criatividade e a positividade, apesar dos tempos difíceis. O sexto álbum de Gnahoré foi editado em Junho de 2021, pela Cumbancha.
Dobet Gnahoré, uma estrela africana e vencedora de um Grammy em 2010, é conhecida pelos seus movimentos de dança de fazer cair o queixo, pela sua poderosa presença em palco e o seu estilo vocal rico em emoções. Com o seu novo álbum Couleur, Gnahoré rompe com o seu passado de estilos acústicos e mergulha nas sonoridades modernas do Afropop do seu país. O álbum marca o regresso de Gnahoré à editora Cumbancha, que lançou o seu álbum Na Afriki em 2007.
Originalmente da Costa de Marfim, Gnahoré vive em França há muitos anos. No início de 2020, quando o surto de COVID-19 levou ao confinamento por toda a Europa e a um fim abrupto das digressões e das atuações ao vivo, Gnahoré decidiu enfrentar a pandemia em África.
De volta à sua terra natal, Gnahoré reconectou-se rapidamente com a cena musical local e começou a trabalhar com uma série de produtores, músicos, designers e artistas talentosos, mas pouco reconhecidos. Apesar dos tempos difíceis, Gnahoré absorveu a inspiração e a energia de uma África em ascensão. O que resulta num álbum cheio de mensagens de empoderamento para as mulheres, esperança num futuro positivo e um espírito animado e dançável que marca um afastamento significativo das gravações anteriores de Gnahoré, mais acústicas e introspectivas.
Tendo crescido na aldeia artística multidisciplinar KiYi Mbock, um refúgio de renome mundial para a expressão artística africana, Dobet Gnahoré cresceu rodeada de criatividade. Aos 12 anos, disse ao seu pai, Boni Gnahoré, um músico e performer bastante conhecido na Costa de Marfim, que não voltaria à escola, escolhendo dedicar a sua vida à música e à dança. Ao longo da sua infância, trabalhou com a comunidade para aperfeiçoar as suas capacidades de atuação, tendo revelado talentos formidáveis que impressionaram audiências em todo o mundo.
Em 1999, Dobet mudou-se para França, formou a banda Ano Neko, e embarcou em duas décadas de gravações e digressões pela Europa, América do Norte e até palcos longínquos no Haiti, Índia, Omã e mais além. A participação de Gnahoré ao lado do guitarrista do Mali, Habib Koité, do cantor e compositor sul-africano Vusi Mahlasela, entre outros, em várias tours de Acoustic África, onde conquistou público de todo o mundo. Em 2010, Gnahoré ganhou ainda mais fama quando colaborou com a cantora americana India Arie na canção “Pearls”, que lhes valeu um Grammy de Melhor Performance Urbana/Alternativa.
Os últimos anos têm sido mais desafiantes para Dobet. Com o fim de uma longa parceria comercial, que resultou na perda simultânea da sua editora discográfica, do seu agente e do seu manager. Seguiu-se da dissolução da sua banda e o colapso da indústria musical devido à COVID-19. Dobet recolheu-se em Abidjan e fez o que qualquer artista faz perante as dificuldades: começou a criar. O resultado é Couleur, que em francês significa “cor”, uma alusão à vasta palete de culturas e inspirações diversas que conduziram Dobet a este momento da sua carreira.
O primeiro single e videoclipe do álbum, “Lève-toi” (Levanta-te), conta com a participação da estrela da Costa do Marfim, Yabongo Lova. A música tem uma sonoridade animada e um groove dançável, que envia uma mensagem positiva para aqueles que estão a passar um momento difícil. Ao cantar a frase “Levanta-te. Mesmo que seja difícil, nada vem sem esforço”, Gnahoré promove a perseverança.
No single seguinte, “Yakané”, Gnahoré canta: “As raparigas de hoje são as mulheres fortes de amanhã. Ela sabe que tem o seu lugar neste mundo dominado por homens. Ela armou-se com toda a sua vontade de criar um futuro para ela mesma. Ela não tem medo de um desafio. Ela também quer ter sucesso, é um direito seu.”
A música “Ma Maison” (A minha casa) apresenta um inegável toque de groove que faz com que o ouvinte queira cantar e dançar. Gnahoré destaca a importância da força e do amor no seio familiar; no refrão canta: “Na minha casa, a alegria e o amor são soberanos.” O vídeo, realizado pelo produtor da Costa de Marfim, Steven Awuku, dá-nos uma representação colorida de casa, com cenas de Gnahoré a dançar com outfits com padrões brilhantes que refletem uma sensação elétrica e alegre.
A música mais introspetiva do álbum, “Rédemption”, é um elogio às suas origens de cantora e compositora e é um apelo pessoal de Gnahoré a Deus para que a ajude a perdoar os seus pecados. Cantando “Eu magoei-me a mim mesma e magoei os outros. Ver ter contigo para me redimir”, usa a canção para apelar ao seu poder superior, enquanto deixa os ouvintes a par dos seus dilemas internos.
É o único momento calmo num álbum que de resto é ardente, cheio de groove, batidas eletrónicas, linhas de guitarra ágeis e melodias cativantes. Couleur, o sexto álbum de Gnahoré, reflete a energia urbana da África moderna e o espírito poderoso de uma mulher independente que olha para um futuro positivo e de sucesso. Couleur, solidifica a posição de Gnahoré como um dos talentos mais marcantes de África.
PROGRAMA – LISBOA MISTURA
Uma organização: Associação Sons da Lusofonia | EGEAC Cultura em Lisboa
Dia 9 de setembro, sábado
16h00 – Debate: Lisboetas e Visibilidade – Museu
Conversa sobre uma Lisboa inclusiva: quantos dos lisboetas ainda não têm a visibilidade desejada nesta cidade com tantas culturas?
17h00 – Festa Intercultural – Palco 2
Apresentação de grupos de diferentes geoculturalidades que muitas vezes não têm acesso aos palcos centrais: Nomadikanti (Itália), Coletivo Gira (Brasil), Beniko Tanaka – Lisbon Ondo (Japão), Litá Band (Ucrânia), Mbalango (Moçambique),Toy e Emanuel Matos (Portugal) e As Tinas (Guiné)
19h30 – Orquestra de Percussão e Sopros (Projecto D´Improviso) – Portugal – Pátio das Tílias
Como pode a improvisação contribuir para influenciar a criatividade social? Projecto desenvolvido em 5 bairros de Lisboa.
20h00 – DJ A Mãe Dela – Portugal – Palco 2
Como podem as paisagens sonoras criar atmosferas que nos inspirem a partilhar mais o espaço comum. A Mãe Dela tem muita música sobre o assunto.
21h00 – Soweto Kinch Power Trio – Inglaterra – Palco 1
A rara e excelente combinação entre Hip-Hop e Jazz numa das vozes mais interessantes do panorama mundial revela-se neste grande músico negro inglês.
22h30 – Dobet Gnahore – Costa do Marfim – Palco 1
Cantora, bailarina, compositora e artista africana Dobet, vencedora de um GRAMMY, vem a Lisboa mostrar a sua arte inspirada na cultura da Costa-do-Marfim.
Dia 10 de setembro, domingo
16h00 – Debate: Arte participativa – Museu
Como pode a cocriação e a arte participativa criar nos artistas a consciência da urgência em trazer para a Cultura as comunidades dela afastadas?
17h00 – OPA (Oficina Portátil de Artes) – Portugal – Palco 2
A OPA é um projecto com a idade do Mistura e continua a dar todos os anos pistas sobre como os jovens dos bairros de Lisboa encaram a sua arte e a intervenção artística.
MC: Snails, Ró Lk, Golden Nora, John Do$
Producer: EVAWAVE
18h45 – JAZZOPA – Portugal – Palco 2
Este novo projecto, que nasceu há 2 anos, junta Spoken word com Jazz e Hip-Hop através da mistura de estilos de jovens de diferentes proveniências culturais e artísticas da cidade e suas periferias.
Instrumentistas: Débora King, Samuel Dias, Kiko Sá, Francisco Nogueira, Jery Bidan, Ricardo Rosas
MC: Vileiro, YA SIN
Spoken Word: Vanessa Parish Crooks, Luis Perdigão
20h00 – DJ Tiago Pereira – Palco 2
O principal protagonista de A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria vem propor-nos escutar vozes e instrumentos que trazem consigo a ancestralidade e a tradição de um Portugal invisibilizado pela velocidade do “progresso”.
21h00 – Criatura – Portugal – Palco 1
A Criatura é um eclético bando de músicos, artistas e gente que se dedica a ecoar a memória popular do território que habita e que daí revisita a tradição
22h30 – Fogo Fogo – Portugal – Palco 1
Apresentação do novo disco Fladu Fla, um disco de Funaná à moda lusófona. Um final de Mistura para dançar e sair pronto para novas misturas e novos encontros.
SOBRE LISBOA MISTURA
O primeiro evento intercultural deste género em Lisboa, que traz grandes atrações, acontece nos dias 9 e 10 de setembro, nos jardins do Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, no Campo Grande, em Lisboa. São dois dias intensos, de música, encontros, conversas, oficinas, festa, muita partilha e misturas sociais, culturais, artísticas…
Lisboa Mistura é um evento cultural que celebra a comunidade urbana e a diversidade que integra o ADN da cidade de Lisboa.
O evento promove o encontro de pessoas e de comunidades através de espetáculos e encontros artísticos com diversos ritmos e várias tendências culturais para sentir o pulsar da cidade.
O Festival tem-se afirmado, desde 2006, como um espaço intercultural destinado ao conhecimento e à inscrição de novas linguagens e tendências tendo-se tornado um reflexo do enriquecimento, partilha, celebração e saudável confronto que nasceram dos encontros urbanos que marcam a contemporaneidade criativa da cidade de Lisboa nos últimos anos.
Lisboa Mistura multi-disciplinar apoiado pela EGEAC que integra projectos nas áreas cultural e social. Vive do cruzamento intercultural e funciona como um lugar de observação e acção na cidade para compreender melhor os possíveis caminhos que se vão criando através das misturas, simples e complexas, que a toda a hora se concretizam.
No seu carácter inovador o Lisboa Mistura tem trazido ao centro da cidade vários projectos distintos dos bairros de Lisboa tornando a cidade um lugar de inclusão através dos encontros de artes, pessoas culturais e de projectos em que a qualidade artística causa um grande impacto social.
A cultura musical urbana é, como não podia deixar de ser, uma ponte para as dimensões sociais e políticas que integram o cosmopolitismo de uma Lisboa em mudanças aceleradas e nem todas tão humanas quanto gostaríamos. Num momento de grande dinamismo, a cidade respira positivas contradições e desafios que, embora globais, são intensamente íntimos, particulares. É necessário dar visibilidade à beleza da diferença, à herança da curiosidade. Desde sempre que o Lisboa Mistura se questiona sobre o humanismo da construção metapolítica, sobre a actividade cultural que precede o pensamento organizacional.
Lisboa Mistura é também um momento de construção da alegria necessária para vivermos lado a lado, resistindo à aniquilação da diferença.
LISBOA MISTURA – POR CARLOS MARTINS
“Nesta 18ª edição, o Lisboa Mistura quer ESCUTAR a cidade e o mundo à volta, pensar no seu futuro e no futuro da cidade e da cultura como ativação da cidadania na construção urbana. Queremos continuar a trabalhar para democratizar a cultura e para desacelerar a vertigem do ruido visual através de processos de escuta. E queremos acima de tudo dar palco às tradições e à inovação, sonora e do pensamento. Pode parecer pouco, mas se conseguíssemos pensar nas sonosferas como novos modelos de governança e de celebração da vida estaríamos a contribuir para uma grande mudança na forma como nos relacionamos entre nós e com as paisagens à nossa volta, ainda mesmo antes de as criarmos.
Só se “Mistura” quem quer, mas temos de criar condições, espaço e tempo para os que anseiam por mais conexões e melhores condições para se exprimirem criativamente nos planos pessoais, coletivos, artísticos e espirituais.
O Lisboa Mistura junta pessoas e comunidades; culturas populares e eruditas; pensadores e criadores de arte e cidadania no mesmo espaço, num ambiente profissional, profissionalizante, e aberto a todos. O Mistura é ainda mais pertinente quando a cidade de Lisboa se festivaliza cada vez mais a cada ano que passa. Lisboa não encontrou ainda a melhor forma de harmonizar os projetos culturais com a necessidade de ter maior envolvimento social sustentado.
A festivalização da cultura, por promover a efemeridade e substituir cultura por entretenimento, não constrói sustentabilidade nem ajuda as pessoas a encontrar plataformas que medem os seus interesses e aspirações com interesses privados. Por isso o Lisboa Mistura está mais do que nunca enquadrado nos bairros de Lisboa onde inscreve práticas artísticas e comunitárias experimentais que a partir do trabalho coletivo nos façam descobrir os lisboetas e o mundo e que olhem de forma diferente para as questões urgentes que se põem às comunidades. Lisboa tem que ser no mesmo esgar tradição e risco, não só turismo e gentrificação.”
Carlos Martins – Fundador e programador
SOBRE A ASSOCIAÇÃO SONS DA LUSOFONIA – ASL
A Associação Sons da Lusofonia promove intervenções abrangentes que aliam a intervenção social e a educação global à música e à interação entre comunidades, pessoas e artes.
A ASL é uma Associação cultural sem fins lucrativos criada em 1996. Desde a sua fundação que um dos grandes objetivos da ASL é o de contribuir para a cooperação entre países geo-culturalmente diversos, promovendo o desenvolvimento de uma identidade baseada nas tradições, comuns ou não, orientadas para o futuro – criando uma plataforma de comunicação entre gerações e grupos com hábitos e heranças culturais diferentes.
Contribui assim para uma intervenção social e artística atenta às mudanças e estruturada na criatividade social. A ASL tem feito um trabalho de importância incontornável em prol da cultura portuguesa e da diversidade cultural e humana, ao longo de quase 27 anos, e a importância deste trabalho é reconhecida pelos agentes culturais, os vários públicos e pelos agentes institucionais nacionais e internacionais.
A Sons da Lusofonia é uma estrutura apoiada pelo Governo de Portugal/Cultura-DGArtes. O projecto D´Improviso é co-financiado pelo Programa Operacional Regional Lisboa 2020/FSE.
Confirme sempre junto da sala de espetáculos ou promotor as condições de acesso, confirmação da data ou horário, local de venda dos bilhetes, preço e disponibilidade.
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