Hangar apresenta “A Spontaneous Tour of Some Monuments of African Architecture” de Ângela Ferreira
O Hangar – Centro de Investigação Artística, abre no dia 2 de junho, entre as 16h e as 21h, a exposição A Spontaneous Tour of Some Monuments of African Architecture da artista Ângela Ferreira.
A Spontaneous Tour of Some Monuments of African Architecture, 2021, intitula o novo trabalho e a exposição da artista, que tem curadoria de Bruno Leitão e consiste numa instalação concebida ao longo do último ano para apresentação inédita no Hangar.
A atual instalação resulta da investigação continuada que Ângela Ferreira desenvolve sobre edifícios e estruturas, e o seu processo de criação permitiu-lhe “transitar livremente entre a arquitetura tradicional em África e a arquitetura modernista que resta do tempo colonial, mas que agora se integra na malha urbana das cidades africanas”.
A Spontaneous Tour of Some Monuments of African Architecture, expressa a decisão de “trabalhar de forma intuitiva e cumulativa para construir uma série de experimentações escultóricas que constituem uma proposta de uma visão mais inclusiva de um todo na arquitetura africana. Em direção a uma arquitetura panafricana”.
A arquitetura tradicional em África é, de acordo com a artista, “uma arquitetura muito antiga e com altos níveis de sofisticação”, bem como “rica em espacialidade e forma, e que se presta (ao contrário do modernismo) a ser analisada de maneira mais multidisciplinar”. Associando, ainda, a forma de construir em África, “pelo seu uso de materiais locais, qualidades climatéricas apropriadas e custos mais modestos”, a práticas de arquitetura sustentável, de âmbito comunitário, ecológico e bioclimático, às quais “devíamos todos ambicionar”.
O “tour espontâneo” que Ângela Ferreira propõe, fê-la também regressar à casa de Dalaba e a debruçar-se pela primeira vez em detalhes do seu interior – paredes arredondadas, pintadas a azul e cobertas por padrões em baixo relevo, e tetos revestidos por cestaria típica, produzida por artesãos guineenses. Esta casa foi construída na Guiné Conacri pela artista e ativista sul-africana Miriam Makeba, também conhecida como “Mama África”, e já havia inspirado o trabalho Dalaba Sol d’Exil, 2019.
Outro dos pontos de passagem do atual projeto é a obra do casal de arquitetos Carlota Quintanilha e João José Tinoco em Moçambique. O casal destacou-se, quer pela “qualidade modernista inovadora” da sua obra, quer pela imagem da residência privada que construíram em Cunene e que Ângela Ferreira encontrou num retrato de arquivo, datado de 1953-1956.
A atividade profissional de ambos foi desenvolvida, maioritariamente, para o governo colonial e uma clientela de colonos. Porém, como observa a artista, a partir da análise do retrato, eram arquitetos “suficientemente curiosos e inteligentes para estudar e perceber que estavam rodeados de tradições arquitetónicas muito fortes e interessantes”. Tradições que aplicaram no projeto da sua própria casa.