Baixo investimento das empresas na formação dos colaboradores continua a ser o fator onde Portugal regista a pior posição (60ª)
- No Ranking de Talento Mundial do IMD World Competitiveness Center, Portugal mantém o 26º lugar registado em 2020, depois de dois anos em que perdeu posições.
- De acordo com os resultados deste ranking, no qual a Porto Business School colabora, de forma exclusiva em Portugal, é na “Atratividade” que a competitividade do país é menor, apesar de ter subido três posições neste fator (33ª para 30ª).
- O “Investimento & Desenvolvimento” de Talento foi onde Portugal perdeu mais terreno entre as 64 economias analisadas, passando de 22º para o 25º, novamente impactado pela escassa aposta das empresas na “Formação dos Colaboradores” (60ª).
- O ranking dos países mais competitivos em talento mundial continua, pelo quinto ano consecutivo, a ser liderado pela Suíça (1º), seguindo-se a Suécia (2º), que sobe três posições, e do Luxemburgo (3º), que mantém o lugar do ano anterior.
- No Top 10 figuram apenas economias europeias, num ranking impactado pela pandemia e onde os colaboradores das empresas se mostram mais motivados nas economias mais competitivas e menos nas não competitivas.
Portugal voltou a não figurar na linha da frente das economias mais competitivas mundialmente no que respeita ao desenvolvimento, atração e retenção de talento.
Segundo os resultados do ranking de Talento Mundial do IMD World Competitiveness Center 2021, divulgados hoje, Portugal mantém a 26ª posição, depois de 2 anos consecutivos em que perdeu lugares. Os resultados deste ano são acentuados pela descida do país no que respeita aos fatores de “Investimento & Desenvolvimento” e “Preparação”, que o colocam ainda mais longe de países como a Suíça, Suécia e Luxemburgo, as três economias mais competitivas em talento a nível mundial, no total de 64 analisadas.
Recorde-se que a Porto Business School é, pelo sexto ano consecutivo, parceira exclusiva do IMD para Portugal na elaboração deste ranking.
Depois de ter conquistado o seu melhor resultado em 2018, com o 17º lugar, nos últimos anos Portugal tem perdido terreno no que respeita à aposta no Talento, e em 2021 voltou a não conseguir inverter esta tendência negativa. No fator “Investimento & Desenvolvimento”, onde a economia nacional desceu da 22ª para a 25ª posição, o principal fator para a baixa competitividade continua a ser a falta de aposta das empresas na “Formação dos Colaboradores”, naquela que é mesmo a principal fraqueza apontada ao nosso país (60º lugar). Pela positiva destaca-se a forte percentagem que o país apresenta ao nível da força de trabalho do sexo feminino (49,5%), relativamente à sua força laboral total.
Apesar de ter subido a nível de “Atratividade” – do 33º para o 30º lugar – dos três principais fatores, este ainda é aquele onde Portugal ocupa a pior posição, muito devido à baixa classificação nos critérios de “justiça”, “motivação dos colaboradores” e “saída de pessoas com boa formação e qualificação” (brain drain). Por último, no fator “Preparação”, a economia nacional perdeu apenas uma posição. Aqui, a principal fraqueza registada foi ao nível do baixo “Crescimento da Força de Trabalho”, enquanto que pela positiva sobressaiu a boa pontuação da qualidade da formação em gestão (“Management Education”), a qual reconhecidamente corresponde às exigências e desafios dos negócios e das empresas. Também ao nível das “Competências Linguísticas”, Portugal pontua muito bem.
Ramon O’Callaghan, Dean da Porto Business School, destaca que “num ano em que todas as economias foram impactadas pelos efeitos da pandemia, Portugal não conseguiu tornar-se mais competitivo. Os líderes e gestores das empresas devem perceber a sua responsabilidade no aumento da motivação dos colaboradores, que é seguramente impactada por fatores como o salário, a segurança ou a qualidade de vida, mas também pelas condições que são dadas aos profissionais a nível de flexibilidade, reskilling e utilização da tecnologia mais avançada.”
Países europeus reforçam liderança do talento a nível global
O ranking deste ano revela que as economias europeias reforçaram a sua posição de liderança, ocupando todas as posições do Top 10, mais duas do que em 2020. Para além disso, observam-se melhorias na Ásia Oriental e Ásia Central, enquanto a América do Norte, Sul da Ásia e Pacífico, Ásia Ocidental, África, e América do Sul perderam protagonismo.
Ao longo dos últimos cinco anos, seis das 10 economias mais bem-sucedidas em termos de competitividade de talentos têm estado na Europa Central e Oriental. A Ucrânia, Hungria, Croácia, Estónia, Eslovénia e Roménia subiram pelo menos 10 lugares entre 2017 e 2021. A Ucrânia é o país que mais melhorou, subindo 13 lugares para 46º lugar em 2021.
A Suíça manteve o 1º lugar como resultado do seu desempenho sustentado em todos os três fatores: “Investimento & Desenvolvimento” (1º), “Atratividade” (1º) e “Preparação” (3º). O desempenho deste país é fortemente apoiado pela despesa pública em educação, a implementação de aprendizagens, a priorização da formação dos colaboradores, e a eficácia global do sistema de saúde.
A Suécia sobe ao 2º lugar (a partir do 5º), graças a melhorias no seu desempenho em “Atratividade” (3º, a partir do 4º) e “Preparação” (4º, a partir do 11º). O seu desempenho na avaliação educacional PISA, a sua disponibilidade de mão-de-obra qualificada, as suas competências financeiras, e a abundância de gestores superiores competentes e gestores com experiência internacional são fundamentais.
Já o Luxemburgo continua em 3º lugar com um forte desempenho em fatores de “Investimento & Desenvolvimento” e “Atratividade” – 2º em ambos. Goza de um desempenho particularmente forte na despesa pública total em educação por estudante e na sua qualidade de educação (medida pelo rácio aluno-professor). À semelhança da Suíça e da Suécia, a “Atratividade” do Luxemburgo é reforçada pela elevada qualidade de vida que oferece, combinada com o reduzido impacto da “fuga de cérebros” e a disponibilidade de pessoal estrangeiro altamente qualificado.
O IMD World Talent Ranking avalia o estatuto e o desenvolvimento das competências necessárias para que as empresas e a economia alcancem a criação de valor a longo prazo. Há três formas principais de agrupar as questões do inquérito que são colocadas aos executivos de 64 economias: (1) Atratividade – a medida em que uma economia atrai talentos estrangeiros e retém talentos locais; (2) Investimento & Desenvolvimento – uma medida dos recursos destinados a cultivar uma mão-de-obra local; e (3) Preparação – como é a qualidade das aptidões e competências que estão disponíveis no grupo de talentos de um país.
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