O projeto ONE-BLUE vai introduzir novas tecnologias como a deteção autónoma remota de contaminantes emergentes, o desenvolvimento de um sistema ultrassónico para a concentração de microplásticos e a criação de um sistema de apoio à decisão como alerta precoce.
Gerido por um consórcio que reúne um total de 18 parceiros de 20 instituições e 11 países europeus, em Portugal, o projeto internacional ONE-BLUE vai ser liderado pelo investigador Bernardo Duarte. O investigador do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente é responsável por uma equipa de cientistas que conta com a participação da investigadora Vanessa Fonseca. Até 2027, o grupo vai estar particularmente focado no desenvolvimento de novas metodologias para avaliação da toxicidade dos contaminantes presentes nas águas europeias.
Entre outras iniciativas, vão ser desenvolvidas e implementas metodologias apoiadas em sensores óticos e algoritmos de inteligência artificial para detetar de forma automática, e não invasiva, se determinada amostra de água representa um risco para os organismos marinhos.
Dos principais objetivos do projeto fazem ainda parte o avanço da compreensão dos impactos combinados dos contaminantes de preocupação emergente (CPE) e das alterações climáticas em diversos ambientes marinhos, o desenvolvimento de tecnologias inovadoras para a monitorização dos CPEs no oceano e a avaliação das suas consequências.
“Com este projeto, procuramos fornecer soluções inovadoras que apoiem a aplicação de políticas relevantes da UE, como é o caso da estratégia Zero Pollution. A recolha e a análise dos dados, e a divulgação dos resultados deste projeto permite-nos estabelecer um plano de exploração para as tecnologias desenvolvidas, assegurar uma implementação eficaz e contribuir para uma gestão marinha sustentável”, explica o investigador responsável pelo projeto.
O que é o projeto ONE-Blue?
Desenhado para avaliar os níveis e o impacto dos CPEs modulados por fatores de alterações climáticas na saúde azul e na biodiversidade, o projeto ONE-BLUE é financiado pela UE no âmbito do programa HORIZON.
Com duração prevista até 2027, o projeto vai realizar avaliações holísticas dos CPEs, centrando-se nas suas concentrações, perfis, destino, comportamento e efeitos no Oceano Atlântico, no Oceano Ártico e no Mar Mediterrâneo. Paralelamente, vai formular orientações de segurança e protocolos de monitorização para futuras avaliações de CPEs em ambientes aquáticos.
Para além da avaliação exaustiva dos CPEs, o projeto vai introduzir novas tecnologias, como a deteção autónoma remota de antibióticos, o desenvolvimento de um sistema ultrassónico para a concentração de microplásticos na água do mar e a criação de um sistema de apoio à decisão como alerta precoce.
Para Bernardo Duarte, “este projeto representa uma oportunidade única para avaliar os impactos que ameaças graves como as alterações globais e a poluição representam para a saúde dos oceanos. Graças ao ONE-BLUE, vamos poder introduzir um sistema de apoio à decisão baseado em estratégias de aprendizagem automática e aprendizagem profunda, que nos permitirá avaliar e prever os efeitos combinados das alterações climáticas e dos CPEs nos ecossistemas marinhos e consequentemente na saúde humana, integrando desta forma a perspetiva Europeia de “Uma Só Saúde (ONE HEALTH)”.
Sobre o MARE
O MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente – é um centro de investigação científica, desenvolvimento tecnológico e inovação com competências para o estudo de todos os ecossistemas aquáticos, na vertente continental e no mar. Promove o uso sustentável de recursos e a literacia do oceano disseminando o conhecimento científico e apoiando políticas de desenvolvimento sustentável. Criado em 2015, integra 8 Unidades Regionais de Investigação associadas às seguintes instituições: Universidade de Coimbra (MARE-UCoimbra), Politécnico de Leiria (MARE-Politécnico de Leiria), Universidade de Lisboa (MARE-ULisboa), Universidade Nova de Lisboa (MARE-NOVA), ISPA – Instituto Universitário (MARE-ISPA), Instituto Politécnico de Setúbal (MARE-IPSetúbal), Universidade de Évora (MARE-UÉvora) e ARDITI (MARE-Madeira).