Politécnico recomenda “posicionamento baseado na diferenciação”
para o setor do vinho em Setúbal
Projeto RoadWine apresentou resultados no âmbito de um simpósio em Palmela.
Para reforçar a sua competitividade nos mercados internacionais, os produtores de vinho da Península de Setúbal devem adotar um “posicionamento estratégico baseado na diferenciação”, tirando partido das suas singularidades, quer ao nível das castas, quer dos processos produtivos, “aliando tradição e inovação”.
Eis uma das principais conclusões a que chegou o projeto RoadWine, apresentado ontem pelo Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) no decorrer do simpósio “Futuro do setor vitivinícola na Península de Setúbal”, que reuniu vários especialistas na Biblioteca Municipal de Palmela.
O estudo exploratório, que arrancou em março de 2021, financiado pelo IPS na sequência de concurso interno, propôs-se fazer um diagnóstico e respetivo roteiro estratégico da vitivinicultura neste território, identificando constrangimentos, forças, oportunidades e os stakeholders determinantes para a sua recuperação pós-contexto pandémico.
Sendo difícil aos produtores da região competir com base no fator preço, dada a dimensão reduzida face aos principais concorrentes internacionais, o posicionamento estratégico a adotar “deverá passar pelo desenvolvimento de competências únicas, que contribuam para a criação de uma oferta baseada na singularidade e sofisticação dos produtos, devidamente suportada em investimentos em comunicação de marketing, que projetem as marcas junto dos principais mercados”, referiu Teresa Costa, docente da Escola de Ciências Empresariais (ESCE/IPS) e coordenadora do projeto.
Ainda segundo a investigadora, é imperativo “diversificar para novos mercados e penetrar em segmentos com maior poder de compra, onde a singularidade é valorizada e os clientes não são tão sensíveis ao preço”, privilegiando canais como as feiras setoriais e os concursos internacionais, como “forma de chegar ao contacto direto com os clientes finais e de desenvolver relações mais estreitas e à medida das necessidades do mercado”.
Presente na sessão de abertura do simpósio, Luísa Carvalho, vice-presidente do IPS, enquadrou o projeto RoadWine no âmbito “da missão do IPS de produzir investigação aplicada de valor acrescentado para a região e de continuar a contribuir para o desenvolvimento regional”.
Por seu turno, Álvaro Amaro, presidente da Câmara Municipal de Palmela, destacou a oportunidade deste estudo e desta discussão num período em que acaba de ser registada a marca “Palmela – Terra Mãe de Vinhos” e em que “o setor volta a ter que antecipar uma reflexão sobre os desafios e ameaças que se colocam e aos quais temos que estar muito atentos e preparados”.
O simpósio contou ainda com as intervenções de Sónia Vieira, da organização ViniPortugal, que gere a Marca Wines of Portugal, Mário Cravidão, da consultora de marketing Brandir, Natália Henriques, da ADREPES – Associação de Desenvolvimento Regional da Península de Setúbal, e de Ângelo Machado, da Rota de Vinhos da Península de Setúbal.
O projeto RoadWine, que poderá vir a ser replicado em diferentes regiões do país, envolveu dois centros de investigação do IPS, nos domínios das Ciências Empresariais (CICE-IPS) e Energia e Ambiente (CINEA-IPS), a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE), a Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal, a Brandir – Marketing Estratégico e Operacional e o CITUR – Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo.
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