A realizadora Priscila Guedes e o neurocientista Fabiano de Abreu uniram esforços num projeto que poderá chegar ao Festival de Cinema de Cannes. A ciência e as artes juntaram-se em «Catalepsia», um filme que fala sobre uma doença real através de Realidade virtual.
[dropcap]O[/dropcap] filme aborda a catalepsia, uma paralisia do sono, como explica a realizadora: “Houve pessoas que foram enterradas vivas por causa disso. Antigamente, a medicina não tinha ferramentas, acessórios e instrumentos suficientemente sensíveis para detetar sinais de vida de algumas pessoas neste quadro”. “Além disso, existem muitas histórias de que seres humanos foram enterrados vivos e acordavam quando estavam já enterrados ou outros casos que despertavam durante o funeral, o que causava um choque nas civilizações antigas. As pessoas achavam que aquilo era bruxaria ou simplesmente acreditavam que aquelas pessoas estavam a voltar do mundo dos mortos, mas não sabiam que, na realidade, eram apenas portadoras da paralisia do sono, uma patologia que pode acontecer em casos de cansaço extremo, stress ou depressão”, conta.
Na obra, “a personagem chama-se Júlia, que acorda nos alpes suíços, onde mora, e percebe que há alguém que tenta entrar, mas ela não consegue ver ninguém e não consegue abrir a porta. De repente, toca o despertador e ela acorda de um sono profundo novamente. Mas ela já não tinha acordado? É aí que a história se desenvolve”, revela a realizadora.
“Catalepsia” é um filme em que há um diálogo entre a consciência e o subconsciente, representado pela casa em que a protagonista mora. Na obra, “é mostrada a forma como ela tenta comunicar consigo própria. Tudo isso vai despertar uma série de sentimentos no espectador, principalmente através dos hormónios que são ativados de forma intencional através da história que está a ser contada”.