Um Coliseu completamente lotado recebeu Simone de Oliveira, muitos foram os que já não conseguiram bilhetes para este espectáculo único, de despedida dos palcos de uma das Divas de Portugal.
Simone não gosta de ser chamada de Diva, mas alguém que conseguiu o respeito de todas as gerações de portugueses, presentes na sala, dos seus colegas artistas que quiseram estar presentes para este concerto, é muito, muito mais de uma excelente interprete.
Um concerto onde Simone, leu alguns dos poetas de cantou e que mais gosta, onde cantou os temas com que encantou os portugueses durante gerações, acompanhada de convidados de várias gerações alguns inesperados, que deram um beleza especial, a uma noite única, só interrompida por ovações de pé, onde a alegria de a ver e ouvir, e a tristeza de ser o ultimo concerto, acompanharam o publico do principio ao fim da noite, que a ouviu, com ela cantou e até chorou.
A mulher forte, que sempre foi e é, que chocou as mentes provincianas portuguesas em 1969, com uma canção de José Carlos Ary dos Santos e que o poeta disse, seria ela a única com coragem para cantá-la, dirige-se á plateia “Fui uma privilegiada. Fiz teatro, televisão, rádio e cinema. Fiz muitos discos, alguns muito mauzinhos. Para alguns fiz o impossível, para mim fiz o possível. Perdi a voz, reinventei-me”, e acrescentou “mas agora gosto de estar assim, leve, de ter tempo para mim, sem horários, sem stress”.
Um concerto em que sentada à mesa como se nos tivesse a receber na sua sala de estar, levou-nos numa viagem de pouco mais de uma hora por 65 anos de carreira, acompanhada pelo seu amigo Nuno Feist ao piano e na direcção musical e de uma pequena orquestra.
Foi com ‘Não Sei Quantas Almas Tenho’, de Fernando Pessoa, que declamou e sublinhou ainda “O preconceito é ainda impedimento à nossa liberdade. Ser livre são as palavras que vos deixo neste meu último espetáculo” e cantou ‘Sete Letras’ de Ary dos Santos.
Abre então a sala para o seu primeiro convidado sublinhando “Só espero que continuem a reinventar-me. É assim que eu renasço”, e com a mestria que todos lhe conhecemos Deejay Kamala, “pega” na voz e musica de Simone e mostra “a Simone do passado, a Simone do presente, a Simone do futuro” de um camarote do Coliseu.
Segue-se então ‘No Teu Poema’, ‘Tango Ribeirinho’, ‘Pingos de Chuva’ e ‘De Degrau em Degrau’, sempre com grandes ovações e bravos por parte de uma plateia que “devorava” cada palavra de Simone.
É então a vez, pela voz de Simone ouvir-mos, ‘E Por Vezes’ de David Mourão-Ferreira, e quando termina diz “Tenho a curiosidade do futuro. Fui rebelde, contestatária, opinativa. E continuarei a ser. Aos 84 anos de uma vida muito bem vivida, a minha vida é aquilo que eu quiser, como diz o meu amigo Fernando Tordo”, surge então um momento, e um convidado inesperado, Carlão, mas também um dos momentos mais aplaudidos da noite, com Simone cantam ‘Não É Verdade’, revela então “Vocês nem imaginam o que foi trazê-lo de lá para cá.” e agradece a Carlão a sua presença, que já fora do palco diz, “eu é que agradeço”.
Simone chama então ao palco Edmundo Inácio, finalista da mais recente edição do “The Voice Portugal”, que canta ‘Sol de Inverno’, mais uma vez querendo que as novas gerações continuem a reinventar as suas musicas. Surge então outro dos momentos altos, tipo flash mob, em que de Henrique Feist, Ruben Madureira, FF, Sissi, Marisa Liz e Aurea, um de cada vez se levanta na plateia e cantam com Simone de Oliveira, ‘Apenas o Meu Povo’, e termina dizendo “São amigos que tanto amo e admiro, quer como cantores quer como pessoas”.
Este concerto, ultimo de Simone é também comemorativo de outra data, “Faz hoje, espantosamente, 53 anos que cantei esta canção na Eurovisão. Uma coincidência que me foi transmitida esta tarde. Não fazia ideia” diz a cantora antes de para terminar cantar ‘Desfolhada Portuguesa’ e em tom introspetivo diz “Como uma frase e uma canção podem mudar a nossa vida”.
Simone que durante todo o espectáculo foi controlando as emoções, no verso ‘quem faz um filho, fá-lo por gosto’ já foi com a voz embargada que o cantou, a emoção foi mais forte, mas uma enorme ovação do publico e um “És grande” que veio do publico de uma fan emocionada e que mereceu a resposta de Simone “Um bocadinho, mas já fui maior… Quando usava saltos”, para uma risada geral, ajudaram a terminar a canção que todos ansiavam ouvir mais uma vez, na voz desta mulher, cantora e ser humano, extraordinário.
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