Os desenhos estão à vista na edição 2021 da Festa da Ilustração, com mais de uma dezena de exposições e outros eventos, inaugurada na tarde de 2 de outubro na Casa da Cultura com mostras de Marta Madureira e Pierre Pratt.
A designer e ilustradora Marta Madureira, em foco na sétima edição do certame organizado pela Câmara Municipal de Setúbal, apresenta um conjunto de trabalhos, em diferentes técnicas e suportes, produzidos ao longo de vinte anos de carreira criativa.
“Revelam um pouco da minha evolução enquanto artista”, afirmou, na apresentação da mostra “A Vida das Coisas (e ainda algumas coisas da vida)”, preparada em exclusivo para a Festa da Ilustração, patente na Galeria de Exposições da Casa da Cultura até 28 de novembro.
Ilustrações editoriais, sobretudo para livros infantis, incursões na vertente de packaging¸ concretamente criações para rótulos de garrafas e conservas, a par de cartazes e trabalhos mais experimentais e de cariz pessoal, podem ser apreciados na mostra.
“Estou muito ligada ao livro infantil. Aliás, o livro é o meu suporte privilegiado”, partilhou Marta Madureira, com um estilo gráfico “adaptado às diferentes criações”, entre as quais os cartazes, que lhe despertam particular prazer. “Gosto muito porque permite que a lustração cresça e que entre nos entre pelos olhos.”
Esta exposição de Marta Madureira conta também um conjunto de obras de cariz experimental, que partilham uma vertente mais pessoal da designer e ilustradora. “É uma arquitetura mais intimista, mais inusitada, com recortes por camadas e com muitas texturas.”
Em destaque na Casa da Cultura está ainda o artista canadiano Pierre Pratt, o convidado estrangeiro desta edição da festa, com a mostra “É Tudo Isto (e nada disto o que tinha a dizer)”, disponível no Espaço Ilustração, inaugurada igualmente a 2 de outubro e que pode ser visitada pelo público até 28 de novembro.
O título da exposição é de uma frase do escritor e pensador português Mário Dionísio, a qual, de acordo com Pierre Pratt, “resume na perfeição” o conjunto de diferentes trabalhos que apresenta em Setúbal, representativos da aproximação do artista canadiano a Portugal, país no qual vive há catorze anos.
“Sou uma pessoa contraditória, que toca em tudo mas sem fazer nada muito bem”, caracterizou-se, em jeito descontraído, o ilustrador, que trabalha, sobretudo, para livros infantis e de adultos, mas que se aventura noutros suportes. “Quero fazer uma banda desenhada. Já a comecei. Acabá-la, não sei quando.”
Pierre Pratt gosta de “contar histórias pelos desenhos” e, entre os vários registos ilustrados que trouxe, apontou para um conjunto de figuras humanas, criadas a preto e branco. “Neste tipo de trabalhos começo sempre pelo nariz, apesar de nunca saber o que dali vai sair.”