Antes da final do Festival RTP da Canção 2024, entre ensaios a fantástica Cristina Clara deu-nos uma pequena entrevista sobre os Festival e a sua carreira.
Qual foi a emoção que sentiu ao receber o convite da RTP para participar no Festival da Canção?
– Entusiasmo talvez tenha sido a predominante. Adoro desafios para criação, muito particularmente neste contexto do festival da canção em que a proposta é representar o nosso país através de uma canção que possa dialogar com pessoas de outros lugares.
É um fã do Festival da Canção ou vai ficar a ser?
O Festival traz-me memórias muito bonitas em família e acaba por ser uma instituição, um ritual de celebração da música que se faz por cá. Sigo sempre que posso.
Qual a sua música preferida, das que já representaram Portugal?
Destaco sempre “E depois do Adeus”, não apenas por ser um belíssimo tema mas sobretudo pelo significado que tem na nossa História que é sempre oportuno lembrar, particularmente no contexto atual e no ano em que celebramos os 50 anos do 25 de Abril.
Qual foi a principal inspiração para a canção?
As sonoridades que inspiraram esta composição foram as do Fado e da Morna. O compositor da música é natural de Cabo Verde – Jon Luz – e com ele desenvolvi este trabalho de pesquisa e experimentação dentro destes universos. Um dos temas originais que surgiu foi este. Já a letra fala de como acredito que quando escutamos e usamos a nossa própria voz para encorajar outros e a nós próprios as circunstâncias podem transformar-se, como do Inverno para a Primavera.
Como foi o processo criativo?
Creio que já fui respondendo um pouco acima mas posso acrescentar. Acredito que uma criação deste tipo e com o tipo de mensagem que queria passar tinha que ser um movimento. Por essa razão a utilização de flores naturais em todo o processo desde a sessão fotográfica, ao vídeo que criamos até ao palco. As flores que usamos nas sessões em estúdio foram partilhadas depois durante a nossa visita (minha e dos músicos) ao Centro Social do Bairro Padre Cruz onde organizamos uma tertúlia musical. As flores da semifinal foram partilhadas também com os artistas e equipas. As flores são aqui um símbolo desse desejo de comunicar, de chegar ao outro e encorajar. De resto, envolvi-me pessoalmente em todo o processo desde a criação do figurino com a Andrea Verdugo que fez um trabalho belíssimo até à cenografia para a qual contamos com o apoio fundamental da Lieblings.
O que distingue a sua canção das concorrentes?
Cada tema é especial e tem a sua unicidade. Do meu tema destacaria o facto de ser radicado em sonoridades tradicionais – que representam bastante das influências mais fortes no panorama cultural atual – com uma abordagem contemporânea, reunindo instrumentistas dos universos da música popular e do jazz. O arranjo instrumental e vocal inclui músicos de Portugal, Brasil e Cabo Verde, o que é bastante representativo da nossa cultura e por isso enriquecedor. A adaptação para o uso de pandeiros quadrados – pelo Rui Aires – e adufe na versão ao vivo realça esses instrumentos ibéricos, tradicionalmente tocados por mulheres mas presentemente abraçados por todos. Realço ainda a passagem poética falada, adaptada para cabo-verdiano de S. Vicente pelo Henrique Silva do Colectivo Acácia Maior como forma de homenagem à inspiração que o trabalho do Jon Luz e a música de Cabo Verde em geral me trouxe ao longo dos últimos 10 anos.
Está na final e agora? pode representar Portugal?
Todos podemos, com certeza.
Qual a importância para a sua carreira no Festival da Canção?
Todos os projectos criativos têm grande importância no nosso amadurecimento e desenvolvimento enquanto artistas. O Festival da Canção pelo seu significado e alcance é uma oportunidade maravilhosa de levar a nossa música a mais pessoas e lugares.
E depois do Festival onde podemos vê-la ao vivo, já tem concertos marcados?
Seguimos muito em breve para o Funchal, onde terei concerto no Centro Cultural e de Investigação do Funchal, a 15 e 16 de Março às 21h.
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