Festival Santa Casa Alfama recebeu mais de 50 artistas, entre eles Camané, Sara Correia, Marco Rodrigues, Paulo de Carvalho, Ricardo Ribeiro, entre outros, no palco Santa Casa
O Santa Casa Alfama tem lugar no bairro mais antigo de Lisboa, repleto de arquitetura magnífica e que transborda cultura. O festival contou com dez palcos espalhados pelo bairro de Alfama, incluindo igrejas, como as de S. Miguel e Santo Estêvão, e sociedades recreativas, como Boa União, Grupo Sportivo Adicence e Magalhães de Lima, instala-se ainda no Museu do Fado, e chega à frente ribeirinha com o palco principal, Santa Casa Alfama, e às janelas do largo S. Miguel.
Depois de uma edição dedicada a Amália Rodrigues, em ano de centenário da diva, a 9ª edição do Santa Casa Alfama, de 24 a 25 de setembro, homenageou outro grande nome do Fado e da música portuguesa: Carlos do Carmo. O ano de 2021 começou com a triste notícia do desaparecimento de alguém cuja voz se confunde com os últimos cinquenta anos de história do próprio país.
O terminal de cruzeiros acolheu assim uma projeção de videomapping sobre Carlos do Carmo, e uma exposição sobre o fadista, criador de êxitos como “Canoas do Tejo”, “Os Putos”, “Trem Desmantelado”, “Lisboa, Menina e Moça” e “Fado Anarda”, entre outros. É de salientar que todos os artistas que participaram no festival incluíram, pelo menos, 1 tema de Carlos do Carmo nos seus reportórios.
No segundo e último dia do festival, 25 de setembro, o palco principal Santa Casa acolheu Miguel Moura, Fábia Rebordão e o concerto de Homenagem a Carlos do Carmo com Camané, Gil do Carmo, Maria da Fé, Marco Rodrigues, Paulo de Carvalho, Ricardo Ribeiro e Sara Correia.
O palco Santa Casa abriu com a atuação de Miguel Moura. Apaixonado pela música, foi aos 14 anos que Miguel ouviu a voz da fadista Mariza e, debaixo do arco das escadas de casa da avó cantou pela primeira vez o tema “Ó gente da minha terra”. As gentes da sua terra ouviram e rapidamente organizaram uma noite de fados em que foi cabeça de cartaz. Era certo para todos que Miguel ia dar pano para mangas. E desde aí nunca mais parou!
De mãos dadas com a música e com a sua terra, Moura, o destino leva-o até à VI Gala de Moura. Lá entoou a moda alentejana “Verão” e, com transmissão nas plataformas digitais, o jovem artista contou com mais de 430 mil visualizações.
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De seguida subiu ao palco a artista Fábia Rebordão pelas 21h15.
Desde que, com seis anos, foi escolhida para cantar numa festa de Natal, na escola, a música tornou-se, de imediato, o foco e a vocação de Fábia Rebordão. As colheres de pau serviam de microfone e as janelas de casa eram o instrumento perfeito para reverberar a sua voz. Mais tarde um vizinho lança-lhe o desafio de aprender dois fados para que pudesse atuar, pela primeira vez, na “Tasca do Chico”. A experiência deixa-a de tal forma inebriada que, na mesma noite, canta nas várias casas circundantes. A sua vida nunca mais seria a mesma: faz o percurso das coletividades e das tasquinhas, onde encontra a verdadeira essência do Fado.
Com 14 anos, está a cantar nos “Ferreiras”, mas também na “Taverna do Embuçado”. Com 17 anos integra o musical “My Fair Lady”, de Filipe La Féria, mas também mostra sede de aprender, ao participar, em 2003, na “Operação Triunfo”. Em 2011, a sua primeira letra, “Quem Em Mim Habita”, com música de Alfredo Marceneiro, dá o mote para o seu primeiro disco: “A Oitava Cor”. Este não é apenas o seu registo de estreia – é também o disco no qual Fábia Rebordão se apresenta em pleno. Cinco anos mais tarde, surge “Eu”, álbum em que assume ainda mais a sua preponderância como compositora.
Para Fábia Rebordão, fado é a forma de cantar a vida, uma vida feita de momentos repletos de verdade. Aliás, para Fábia Rebordão, fado significa verdade – e, se estiver a cantar com verdade, estará sempre a cantar fado. “Eu Sou”, o seu novo álbum, demonstra exatamente isso: nunca Fábia Rebordão foi tão Fábia Rebordão, completa e segura da sua obra. Nunca antes foi tão inteira, quer a entoar as palavras clássicas, quer a transmitir as histórias que conta nas suas próprias canções – e nunca se expôs como agora.
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O grande espetáculo do Festival Santa Casa Alfama foi o Concerto de Homenagem ao grande fadista Carlos do Carlos com a participação de nomes gigantes da música nacional como Camané, Gil do Carmo,
Maria da Fé, Marco Rodrigues, Paulo de Carvalho, Ricardo Ribeiro e Sara Correia.
Figura unânime e incontestada, Carlos do Carmo destacou-se sempre pela forma cuidada e ao mesmo tempo inovadora com que sempre olhou para a sua matriz, o Fado, e também pelo apoio e encorajamento dado às novas gerações de fadistas. Por estes e outros motivos, a sua influência para elevar o Fado ao longo dos últimos cinquenta anos foi constante, nomeadamente quando deu o seu contributo precioso, juntamente com o Museu do Fado do qual foi também grande impulsionador, para a candidatura da nossa música a Património Imaterial da Humanidade.
O Santa Casa Alfama acolheu então uma homenagem a Carlos do Carmo num espetáculo com produção de Marco Rodrigues, os músicos que acompanharam os intérpretes nesta homenagem foram os amigos que acompanharam Carlos do Carmo nas últimas décadas, José Manuel Neto na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença na viola e Marino de Freitas no baixo.
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