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Mestre Manuel Cargaleiro doa várias obras ao Município do Seixal

O mestre Manuel Cargaleiro, falecido em 30 de junho, aos 97 anos de idade, doou ao Município do Seixal, em testamento, todo o recheio da sua casa, em Almada, que inclui as suas últimas cinco obras originais, o ateliê de pintura, vários móveis e muitos objetos de coleção.

«Considero que este importante legado doado pelo mestre Manuel Cargaleiro é um reconhecimento do trabalho efetuado pelo Município do Seixal em prol da cultura, no que respeita à sua promoção, formação e produção», refere o presidente da Câmara Municipal do Seixal, Paulo Silva.

Recorde-se que, recentemente, ainda em vida, o mestre tinha já doado sete obras, no valor global de cerca de 500 mil euros, ao Município do Seixal, pelo que a autarquia tem, assim, em sua posse, um importante legado das últimas obras de Manuel Cargaleiro.

«É uma honra para o Município do Seixal receber esta doação e responsabilizar-se pela guarda, segurança e conservação, comprometendo-se com a sua incorporação no acervo municipal de arte», salienta o presidente da câmara municipal. De realçar que está a ser preparada uma exposição deste legado, a inaugurar no início de 2025, na Oficina de Artes Manuel Cargaleiro, que irá constituir-se como uma homenagem do concelho do Seixal ao mestre Cargaleiro.

«Aproveito ainda para agradecer publicamente ao professor Manuel Pires pelo acompanhamento e apoio que sempre deu ao mestre, bem como pelo trabalho desenvolvido na Oficina de Artes Manuel Cargaleiro», salienta o autarca.

Recorde-se que, na Quinta da Fidalga, concelho do Seixal, encontra-se a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro, projeto arquitetónico da autoria do arquiteto Siza Vieira, que tem por objetivo promover a arte contemporânea, em particular a obra do mestre Manuel Cargaleiro, assim como as coleções da Fundação Manuel Cargaleiro, através da realização de exposições temporárias, do desenvolvimento de atividades educativas no âmbito da sua programação e da promoção de parcerias com organismos congéneres.

Manuel Cargaleiro nasceu a 16 de março de 1927 em Chão das Servas, Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco, mas desde muito cedo foi viver para o concelho de Almada, onde sempre conservou casa e chegou a ser autarca. Em 1949, ingressou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e participou na Primeira Exposição Anual de Cerâmica, no Palácio Foz, em Lisboa, onde realizou igualmente a sua primeira exposição individual de cerâmica, no ano de 1952.

O ano de 1954 foi marcante na carreira artística de Manuel Cargaleiro: recebeu o Prémio Nacional de Cerâmica Sebastião de Almeida, iniciou funções de professor de Cerâmica na Escola de Artes Decorativas António Arroio e apresentou as suas primeiras pinturas a óleo no Primeiro Salão de Arte Abstracta.

Nas décadas de 1960 e 1970, Manuel Cargaleiro participou em inúmeras exposições individuais e coletivas e durante este período afirmou-se não apenas como um conceituado ceramista, mas também como um notável desenhador e pintor. O pleno reconhecimento, nacional e internacional, da obra de Manuel Cargaleiro ocorreu na década de 1980.

Com a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro, o mestre regressou ao Seixal e, em particular, à Quinta da Fidalga, local de onde guardava memórias e vivências da sua infância e juventude, quando residiu na margem sul em virtude de o pai ter pertencido ao Grémio de Lavoura de Almada e Seixal.

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