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“O Coreto, a História de amor de Ana e Sebastião”

Foi a contar uma história que Rogério Charraz apresentou ontem, terça-feira, no Teatro da Trindade, em Lisboa, o seu mais recente trabalho.

O Coreto” tem a voz e a Guitarra Acústica de Rogério Charraz, como narrador José Fialho de Gouveia, e os músicos Carlos Lopes no Acordeão, Jaume Pradas na Bateria, Luís Pinto no Baixo, Paulo Loureiro nos Teclados e Clarinete, João Rato nas Guitarras, André Conde no Trombone e Sérgio Charrinho no Trompete.

A história reza assim:

Sebastião era um rapaz que nasceu e cresceu na cintura de uma cidade grande, filho de Diamantino, homem nascido e criado na aldeia. Sebastião nunca tinha tido tempo para nada, era só trabalho, não havia tempo para ler, para ir ao médico, a caracolada ficava sempre pela promessa…

A reviravolta na vida de Sebastião deu-se com a chegada de uma carta registada, onde o senhorio lhe diz que a renda vai aumentar e Sebastião vê a sua vida mal parada e resolve voltar à terra de seu pai. Vai de comboio e ao som de “Quando a chuva cai na Terra” o Sebastião vai observando a paisagem até chegar à aldeia onde estão as suas raízes. 

Quando chegou foi revisitar os lugares da sua infância, a Tasca do João,  ver a Isaura,  o Chico Pintainho, na Tasca do João ele sentiu-se em casa e ao som de “Abaladiça” foram trocando abaladiças (brindes) à saúde de todos quanto estão na tasca e na cidade.

O tema “Um Dia no Coreto” serviu para Sebastião rever os seus cantinhos preferidos, um dos mais preferidos era o Coreto, lá chegando e ao olhar para o lado reconhece Ana e, depois de ganhar coragem, foi meter conversa com ela.

Tudo corria bem a Sebastião, reencontrou a Ana, estavam no verão, e na Tasca do João decide fazer uma serenata à Ana, e com os versos e a música de “A Romaria” e “Põe um Beijo nos meus lábios”, Sebastião e Ana apaixonam-se um pelo outro e a vida volta a sorrir.

A aldeia inteira já se estava a acostumar ao amor dos dois, a vê-los sempre juntos, uma dessas pessoas foi a mãe da Ana, que por Sebastião não pertencer à aldeia tem receio de que a filha sofra, tal como ela sofreu, pois também ela se apaixonou por um visitante e depois partiu deixando-a grávida da Ana. Ao ver o rumo que a história deles tomava lembrou-se da sua própria história e ouvimos “No Coreto cá da Aldeia”.

Sebastião está tão apaixonado que já pensa em envelhecer junto de Ana e canta e encanta o público com “Quando Nós Formos Velhinhos”, um poema magnífico magistralmente interpretado, acompanhado de vídeo onde entram Ruy de Carvalho e Eunice Munhoz.

Mas todas as histórias chegam ao fim, o verão está a acabar, os emigrantes abalaram para os países de acolhimento, a aldeia ficou vazia e Sebastião, criado à beira de uma grande cidade, começou a sentir a angústia do isolamento do interior.

Com “Olá Meu Velho Amigo”, “No Natal” e “Senhor Prior” chegam novamente os emigrantes para passar o Natal, a aldeia ganha vida, passa o Natal, partem os emigrantes e a aldeia volta a ficar deserta, o tempo arrefeceu, as férias acabaram e a mãe de Ana desabafa com o Senhor Prior da aldeia as suas dúvidas quanto ao namoro da Ana com o Sebastião.

Sebastião sabe que tem que falar com Ana, pedir-lhe para ela o acompanhar, irem para a cidade, mas ao som de “Feita deste Chão” cantado por Luísa Sobral, Ana diz-lhe que não pode partir, que as suas raízes estão ali na aldeia e que tem a mãe, deve tomar conta dela.

Depois de falar com Ana ele apercebeu-se de que havia ainda uma pessoa a quem podia pedir conselhos, o seu pai Diamantino e assim foi falar com ele, abriu-lhe o coração, as dúvidas, mas o pai não lhe diz o que fazer, com o tema “Deixa o teu Coração” apenas lhe diz para ouvir o coração.

Sebastião partiu para a cidade, Ana ficou na aldeia, mas ambos ficaram pensando que havia volta a dar, que haviam de encontrar uma solução, cantou-se “Vou estar aqui”.

O tema “Quando formos Velhinhos” tem narração de Ruy de Carvalho, a quem é prestada uma sentida homenagem. Eunice Munhoz não pôde estar presente, mas foi também muito aplaudida pela sua participação no referido vídeo.

Esta é a história maravilhosa de Sebastião e Ana pois, espero, vai haver solução, escrita por José Fialho de Gouveia e Rogério Charraz, teve também a ajuda fundamental de Luísa Sobral, produtora do disco.

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Rogério reconhece o trabalho de João Monge, que também está na plateia, por tudo quanto fez pela música, pelos seus trabalhos com outros artistas, Trovante, Ala dos Namorados.

Agradece ao Teatro da Trindade por recebê-los,  pois “…foi preciso uma ginástica enorme para que corresse tudo bem…”.

Para deleite do público, que só pedia “Mais uma, mais uma”, Rogério Charraz e Luísa Sobral voltaram a cantar “Abaladiça”, seguiram-se “Quando Te Vi” tema de Luísa Sobral e “Quando Nós Formos Velhinhos”, músicas que puseram toda a audiência a cantar, bater palmas, houve risos e lágrimas. Foi uma noite perfeita em que o público se rendeu a uma história de amor.

Rogério Charraz agradece ao público presente, uma casa cheia, e diz “...e não fosse o tempo que vivemos, viver-se-ia um momento único no Teatro, pois iria abraçar cada um dos presentes, pois desde 6 setembro de 2020 que não pisávamos o palco todos juntos…”, não sendo possível chamou todos os músicos à frente do palco e convidou o público a imaginar que tinha um copo na mão, pediu para levantarmos o braço e agraciou com uma Abaladiça todos quanto estavam na Tasca do João, bem como no Teatro da Trindade.

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